Esta expressão é de René Descartes, filósofo e matemático francês que viveu entre 1596 e 1650, considerado por muitos como o fundador da filosofia moderna e um dos principais expoentes do iluminismo, movimento que defendia as liberdades individuais e o uso da razão como base do conhecimento.

Apesar de toda a matemática que houvera estudado, Descartes passou a duvidar de tudo a sua volta, até da sua própria existência. Até que chegou a uma conclusão: se estou duvidando é porque estou pensando e se estou pensando, obviamente que estou existindo. Um raciocínio lógico que o levou à célebre expressão que abre esse texto e que se tornou um dos símbolos do movimento iluminista.

Pensar é, portanto, um axioma da própria existência humana. É através do pensamento que temos ideias, criamos expectativas, fazemos perguntas, elaboramos respostas e encontramos soluções para os mais diversos problemas que acontecem durante a vida. 

Mas e se pensamos em algo e isso nos incomoda ou sentimos que é algo que não nos deixa (ou, possivelmente, não nos deixará) feliz? Por onde devemos nos guiar, pela razão ou pela emoção? Será que elas são mutuamente excludentes ou podemos conciliá-las?

De antemão, uma das belezas do pensamento é que qualquer um pode ser modificado ou substituído (até imediatamente) por outro, mesmo que antagônico, com base em nossas crenças e conhecimentos sobre cada assunto ou diante da validação mental de argumentos elaborados por pensamentos de terceiros.

Então chegamos a um ponto interessante que é o objetivo final desse texto. Como estabelecemos um contrato psicológico com outras pessoas através de nossos pensamentos?

Estive bloqueado mentalmente por um longo tempo. Dia após dia acordando com uma vontade e indo dormir com uma frustração.

Hoje fiz uma pequena viagem inesperada no meio da tarde e estacionei na casa de meu amigo Eric Milfont em Porto de Galinhas - PE. Ele alegremente me recebeu com um presente: "seu blog está pronto!". Chegou a me dar um frio na barriga que logo foi substituído pelo desejo de já poder escrever algum texto para inaugurá-lo.

Não tinha nada em mente naquele momento, mas, ao terminar as últimas configurações da plataforma, resolvi escrever sobre algo aleatório. Fui buscar inspiração em algo que houvesse escrito sobre o amor e, ato contínuo, abri meu Facebook para buscar um texto que havia publicado em 2017. Naquele ano, meu amigo querido, Fernando Rossi Piccin, criou essa logo incrível - LOVE IS ALL WE NEED - e eu me apaixonei imediatamente pela ideia de divulgá-la, criar um movimento, uma marca de valor, uma linha de produtos e textos que propagassem esse conceito poderoso de que o AMOR É TUDO QUE PRECISAMOS.

Mas ao abrir o Facebook, no topo do meu Feed, acreditem ou não, estava uma postagem justamente do Fernando. Eu já sabia de sua condição de saúde há algum tempo, mas me acovardei e não consegui ligar para ele desde que soube. Carreguei essa culpa que me vinha dia sim dia não na cabeça até hoje. Até ler seu depoimento arrebatador sobre o início de seu tratamento, mas sobretudo sobre a palavrinha mágica que nos une: amor.

Porque meu Deus?! Porque eu não consegui fazer algo tão simples como ligar para um amigo que eu amo e prestar solidariedade em um momento difícil?! Mesmo não diminuindo minha culpa e minha falha, só consigo pensar que estava igualmente bloqueado, em processo de negação, de não querer lidar com minha impotência diante da realidade, de ser covarde e de não saber o que dizer para ele.

Comecei a ler o que ele escreveu e quase não consegui terminar. Um misto de sentimentos tomaram conta de mim. O texto dele, no entanto, é de uma riqueza espiritual tão genuína, um soco no cérebro (e até no estômago) contraposto por um abraço no coração ao mesmo tempo, que transformou totalmente minha ideia original para a inauguração deste blog.

Falar sobre o amor que compartilhamos e que tanto precisamos valorizar em nossas vidas pode facilmente encontrar no Fernando e neste seu texto magnífico a inspiração que muitas vezes nos falta. Sua honestidade com os próprios sentimentos me fez repensar e requalificar os meus próprios.

Resolvi por tudo isso em palavras, aqui, sem pretensões, sem floreios, só buscando fazer algum sentido para quem tiver a ocasião de lê-lo. Até porque o texto do Fernando diz muito mais do que eu poderia reproduzir neste momento.

Vou apenas dizer o que farei assim que publicar isto aqui: vou mandar para o Fernando e vou ligar para ele.

Marçal Barros Blog

O contrato psicológico

Ao meu amigo Fernando